quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Crescimento da classe C: 20 milhões de pessoas; aumento do salário mínimo: R$ 600,00; elevação da renda familiar: (em média) R$ 3.000,00; Massificação de uma abrangente classe social de modo maniqueísta: não tem preço. Tem coisas que o governo não faz, para todas as outras...

São inúmeros os sinais de crescimento da classe média brasileira nos últimos anos. Condicionada por um período de crescimento econômico bastante grande, a melhora das condições de vida da sociedade, sobretudo das classes mais baixas, fez não só o Brasil crescer, mas também sustentou todo este crescimento num momento em que o país estava enfrentando um desaquecimento do mercado internacional. Esta enorme classe C, tão recorrente no noticiário do mercado atualmente, representa aproximadamente 50% da classe consumidora do país e é responsável pelo seu crescimento econômico. No entanto, será possível classificar de modo tão simplificado um grupo de pessoas que vieram dos mais diferentes estratos sociais, com núcleos familiares tão diversos, e aspirações tão diferentes?  
Integram a classe C famílias que ganham entre 1100 e 4000 reais mensais. Jovens casais, jovens solteiros, casais na faixa dos 30 e 40 anos, com filhos, sem filhos, ou ainda casais de idosos. Fica difícil, frente a tal diversidade, caracterizá-los sobre um mesmo protótipo. E, no entanto, assim mesmo o mercado para atendê-los vem crescendo consideravelmente.
Muitas empresas estão criando linhas exclusivas, de alimentos à construção, todos os setores sabem que hoje existe uma nova classe consumidora da qual podem ganhar bastante, porém poucos sabem a complexidade desta classe. E caracterizar um grupo de quase 93 milhões de pessoas, em uma "nova classe C" pode acabar sendo um perigo. Porque o crescimento do consumo não significa necessariamente, a conquista sustentável de qualidade de vida. Está essa classe sendo provida de informação e conhecimento a fim de incrementarem não apenas os seus armários, mas também os seus cérebros? Estão eles sendo providos de educação a fim de tornar o Brasil não apenas um mercado emergente, mas um país socialmente desenvolvido? Os programas governamentais poderiam ajudar neste sentido, desde que não se tornem a conhecida política do pão e circo.

Luiza Mesquita