sábado, 29 de outubro de 2011

Shell, o inevitável consumo da insustentabilidade

Uma preocupação quase inexistente há cerca de 10 anos atrás para os negócios, passa a existir com uma força cada vez maior, a imagem de sustentabilidade das marcas. Segundo a Pesquisa Responsabilidade Social das Empresas - Percepção do Consumidor Brasileiro - realizada pelo instituto Akatu e pelo Instituto Ethos, em dezembro de 2010, 65% dos chamados formadores de opinião discutem comportamento ético socioambiental das empresas, assim como 41 % da população brasileira.

O que sustenta as marcas que têm a insustentabilidade como produto é a justificativa do próprio consumidor de que existem males que são necessários. Com 7 milhões de carros, e uma população de 11 milhões de pessoas, a capital paulista tem um grande contingente de consumidores de combustíveis, a emissão de monóxido de carbono dos carros é por si só a maior responsável pela poluição do ar.

Além da contribuição nada sustentável à atmosfera, segundo a Cetesb, os postos de gasolina são hoje os responsáveis por metade das 3600 áreas contaminadas no Estado de São Paulo. Em alguns casos a contaminação acarretou problemas e riscos sérios à saúde das pessoas que moravam ou moram próximo dessas áreas. Um exemplo é o caso da fábrica da Shell no bairro Vila Carioca da capital paulista. A marca mais influente de gasolina no mundo deixou marcas bem impactantes na saúde de pessoas que tiveram acesso às áreas contaminadas por ela.

Um relatório da Secretaria Municipal da Saúde apontou que 73 das 198 pessoas analisadas que moravam próximos da área onde a Shell havia se instalado apresentam pesticidas potencialmente cancerígenos no organismo. O bairro tem 6.500 moradores.

No mesmo ano em 2006, que a denúncia repercutia no Brasil, a matriz da Shell também enfrentava outros problemas que acabaram acarretando grandes prejuízos a seus acionistas. Ao reavaliar suas reservas de petróleo, a produção não refletia o estoque anunciado, logo após a descoberta da manipulação, as ações caíram em Amsterdã, Nova York e Londres, 15 bilhões de dólares foi a queda estimada do valor de mercado da companhia, uma das principais acionistas da Shell, a rainha Beatriz da Holanda teve prejuízo de 375 milhões de euros.


Na pesquisa Data Folha, que mede a lembrança espontânea do Consumidor sobre marcas de determinado seguimento, chamada de Top of Mind, a Shell que em 2003, tinha empatado com a Petrobrás, hoje pontua 8%, ficando com apenas 1% de diferença da marca Ipiranga e longe da liderança da Petrobrás, e que neste ano ficou com 22%.