sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Me vê dois, mas sem detergente!!!

Nos últimos meses, o nome da empresa Pepsico, fundada em 1893, no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, vem aparecendo na mídia com certa freqüência.

Seus 118 anos de história nos contam o cenário econômico mundial, de crises e de superações, que contribuíram para a construção de uma imagem sólida no mercado:

- Logo após a Primeira Guerra Mundial, em 1971, a empresa investiu na compra de açúcar, apostando que seu preço se manteria estável. Fato é que a queda na bolsa de valores foi expressiva, e no dia 31 de maio de 1923, a Pepsi-cola Company declarou falência.
Daí, mais duas declarações de falências consecutivas, e a recuperação com a compra da marca pela “bagatela” de R$ 35 mil dólares.

- A nova gestão, presidida por Charles G. Guth, em 1931, alavancou novamente a marca, com a aposta na reformulação da fórmula da bebida.

- Em 1950, a empresa chega ao Brasil, e de 1963 a 2007, a agora Pespico, começa um processo de compra de diversas marcas famosas de produtos alimentícios: Elma Chips, Tropicana, Quaker, Gatorade, Coqueiro, Toddy, Toddynho, Luccky, Kero Coco e Trop Coco.

- Em 2008, a Pepsico anuncia reestruturação por conta da Crise Mundial, e apresenta corte de 3.150 colaboradores por todo o mundo.
A ação, cheia de especulações da mídia pela falta de posicionamento da empresa, deu resultado, e a sua receita, mesmo durante o momento crítico, subiu de € 26.212 milhões de euros em 2005 para € 31.097 milhões de euros em 2009.

Bom, com esse histórico, o nome da Pepsico vinha se mantendo respeitado pelo consumidor, porém, no segundo semestre deste ano, dois grandes fatos que chamaram a atenção da mídia e da população abalaram a sua imagem: problema em dois de seus maiores produtos.

Se não bastasse a campanha furada, ou melhor, a prateleira vazia no mercado, sobre o “compre um e leve dois” do refrigerante Pepsi, a empresa ainda cai de bandeja na boca da opinião pública por causa de um lote de Toddynho com um ingrediente especial: detergente.

Pode ser pelo menos um?
Após o sucesso da campanha “Pode ser Pepsi?”, a área de marketing da empresa resolveu oferecer ao consumidor a oportunidade de optar por seu refrigerante e ainda estender a sua experiência com o produto.
Durante a primeira semana de setembro, foi ao ar uma propaganda “Pepsi em Dobro” que se comprometia com a promoção “compre um e leve dois” durante dias 10 e 11 de setembro. E como brasileiro adora uma “promoção”, no sábado pela manhã o consumidor ainda sob o efeito da campanha “Pode Ser Pepsi” no inconsciente, foi até as gôndolas do supermercado buscar o seu produto. Mas o que ele encontrou foi mais consumidores ávidos por uma única resposta: Pode ser pelo menos um?
A empresa, ao colocar no ar o comercial, se “esqueceu” de consultar seu estoque e o produto acabou. Em poucas horas, redes sociais e mídia já divulgavam o furo na campanha e a falta de comprometimento da Pepsico.
Na semana seguinte, a empresa colocou no ar um pedido de desculpas, pautado no sucesso da campanha e encobrindo o problema de logística.

Um novo sabor
Na primeira semana de outubro, mais um caso chamou a atenção da imprensa para a Pepsico: um lote do Toddynho, comercializado no Rio Grande do Sul, apresentou falha no envasamento, que acarretou um ph no produto de 13,3, alcalino, semelhante ao encontrado em produtos de limpeza.
O problema veio à tona, quando algumas pessoas, em geral crianças, apresentaram problemas na mucosa da boca após a ingestão do achocolatado.
Alguns dias e matérias depois, a empresa resolveu se posicionar, retirando o lote do mercado, dando suporte às vítimas e se posicionando por meio do comunicado oficial.
Acontece que a ação não contentou completamente o consumidor, que ainda faz alarde e solicita da empresa maiores esclarecimentos.


Em menos de um mês, a empresa é atingida por duas grandes crises de imagem que apontam problemas graves em seus processos de qualidade e logística, afetando assim a confiança da população, que mesmo pedindo, fica sem respostas claras e que os convença de que, realmente, ações de melhoria estão sendo postas em prática.

“Cuidado e canja de galinha não fazem mal a ninguém”, “melhor colocar as barbas de molho”, porque senão a “vaca vai para o brejo”.

Todos os dos ditos populares que sobrevivem aos anos (assim como a Pepsico), apesar de batidos, servem para exemplificar a atual situação da marca: qualquer falha não será perdoada pelos concorrentes ávidos por mais espaço no mercado e seus consumidores, prontos para questionar cada vez mais.

CURIOSIDADE:
Você sabe quem foi o criador da Pepsi? Foi o farmacêutico Caleb D. Bradham, que formulou um medicamento indicado para o combate a dispepisia (doença causada pela falta de pepsina no organismo).
Com sabor agradável, vindo da Noz-de-cola, o “medicamento” passou a ser procurado como iguaria, e em 1898, comercializado como refrigerante!
Bom, daí você já pode imaginar de onde e porque o nome Pepsi, não?!?