sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Monopólio de lembrança de marca

O Google está, hoje, entre uma das mais valiosas marcas do mundo. Com certeza, muitos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho já ouviram falar do estilo Google de ambiente corporativo e a empresa acaba se tornando um dos lugares mais desejados para se trabalhar, por identificação com a proposta, com os serviços ou, simplesmente, por ser o Google. Conceitos como inovação, tecnologia e descontração são automaticamente vinculados a esta marca, que é jovem e já bastante consolidada mundialmente.

O Google é, atualmente, responsável por praticamente 98% do mercado de buscadores no mundo, com variações específicas em cada país. Além do buscador, seus outros produtos são tão reconhecidos e lembrados que podem ser considerados mais que produtos, mas quase marcas dentro de uma marca. São exemplos o Gmail, o Youtube, o Orkut e outros.

Dominar um dos mercados de serviço que mais chamam atenção hoje em dia – que é o mercado da tecnologia e inovação – nem sempre é muito tranquilo. Em meados do primeiro semestre de 2011, o Google precisou se defender contra algumas sérias acusações do mercado europeu e de sua concorrente Microsoft, por exemplo. As acusações são, basicamente, referentes ao domínio quase exclusivo do Google para os serviços de busca.

O Google, claro, consegue se defender, pois ainda tem como provar que seus computadores e sistemas para busca são superiores e mais rápidos, o que traz mais praticidade e resultados assertivos aos usuários – que acabam se tornando fieis aos serviços. Mas, independente dos resultados das acusações – que foram favoráveis ao Google até então – a questão que chama ainda mais nossa atenção é que, além do monopólio que pode acontecer do ponto de vista de mercado e serviços, temos um monopólio de marca, de imagem e de referência. Muitas pessoas com certeza nem saberiam citar nomes de outras empresas quando perguntadas sobre quem mais oferece serviços semelhantes ao Google.

O grande ponto é que o posicionamento da marca é arrojado de forma a se posicionar como sinônimo do próprio serviço oferecido. Google é verbo. Google é música. Google é praticamente pré-requisito de uma vida conectada à Internet. Não tem hoje um usuário de Internet que não saiba o que é Google, que não seja curioso sobre o que é ser Google.

O poder da marca Google está além de qualquer crise vinculada a assuntos que possam abalar sua credibilidade no mercado. Mesmo que o Google fosse acusado de monopolizar o mercado de busca, para citar um exemplo dos serviços mais reconhecidos da empresa, a imagem que ele tem hoje precisaria de muito mais para ser gravemente ferida; para que as pessoas parassem de vez de falar “vou dar um google” ou “googar”, como se esta fosse a chave do conhecimento e da memória modernos. A crise do monópolio de mercado ainda não é forte o suficiente para gerar uma crise do monopólio de lembrança de marca. Uma marca que a gente não precisa jogar no Google para saber do que se trata.