quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PLACAR ESPORTIVO

Sustentabilidade x Irresponsabilidade Social

No início da década de 90 a Nike era a líder mundial em artigos esportivos e mesmo sendo denunciada em meados da mesma década por produzir bolas utilizando trabalho infantil no Paquistão, a empresa continuou ocupando a primeira posição. Surgiram no período diversas acusações de utilizar em suas fábricas o trabalho infantil. Para apagar a imagem de exploradora de crianças, a Nike fez várias investidas, de certa maneira com grande relevância, pois continua até hoje liderando o mercado de produtos esportivos. Nas últimas décadas pagou milhões para que atletas como Michael Jordan, considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos e LeBron James, estrela do basquete americano, emprestassem seu nome à marca. Já no Brasil, investiu em ídolos do futebol como Ronaldo Fenômeno, que deu entrevista a Rede Globo no dia 04 de julho de 2006 durante um amistoso contra a Nova Zelândia e reclamou de dores nos pés devido a formação de bolhas causadas por sua chuteira nova, entrevista que gerou grande repercussão e polêmica na mídia, e outros grandes jogadores como Alexandre Pato, Ronaldinho Gaúcho e Neymar. No entanto, é sabido que a Nike além de explorar trabalho infantil também explora trabalho escravo de adultos.

Em 2002 a empresa foi processada pelo ativista Mark Kasky que a acusou de veicular propaganda enganosa no que se referia a proteção dos direitos trabalhistas de seus funcionários no Vietnã, China e Indonésia, enquanto que na verdade a empresa queria resolver uma disputa judicial, a Nike acabou pagando U$ 1,5 milhão para a um grupo de monitoramento das condições de trabalho industrial porque teve que reconhecer, após auditorias, que em suas fábricas havia problemas como o excesso de horas de trabalho e o assédio moral de seus empregados.
Há treze anos a Adidas, a Nike e outras empresas se comprometeram a não empregar mais crianças em suas fábricas de bolas de futebol, é o que publicou o jornal australiano The Sydney Morning Herald através de uma reportagem de James Rupert de 11 de junho de 2010, que descreve ainda a miséria em que vivem os operários asiáticos que fabricam as bolas de futebol das marcas mais vendidas em todo o mundo. O Fórum Internacional sobre Direitos Trabalhistas constatou que o trabalho infantil continua, para costurar as bolas de futebol, nos três principais países produtores, Paquistão, China e Índia. Mesmo os trabalhadores adultos das fábricas de bolas de futebol recebem salários abaixo do nível de subsistência. Na cidade paquistanesa de Stalkol, cada trabalhador recebe 5 centavos de dólar para costurar os 32 gomos de uma bola que é vendida nos EUA por 50 dólares.

Para apagar de vez a péssima imagem impregnada à marca, a Nike quer se transformar uma referência na questão ambiental. Ou seja, quer estar no time das empresas que estão liderando a corrida rumo à sustentabilidade. Porém, diferentemente de empresas como a americana Patagonia, fabricante de roupas e acessórios para a prática de esportes radicais, ou mesmo a brasileira Natura, a Nike não foi gerada a partir de uma preocupação ambiental. No entanto, a empresa tem se empenhado em propagandas televisivas e através do seu portal na internet (como podemos ver abaixo) em mostrar que a sua produção está alicerçada no respeito ao meio ambiente. Trata-se de uma combinação perfeita de respeito aos trabalhadores (fabricantes), ao meio ambiente e aos clientes.

“A Nike é a terceira maior compradora de algodão orgânico no mundo, usando mais de 9,5 milhões de quilos, o que eliminou o uso de mais de 3 milhões de quilos de agrotóxicos”.
“Do algodão à borracha, o design consciente acredita que todo material pode ser feito e usado com mais eficiência. Os designers da Nike trabalham incessantemente para descobrir a melhor forma de gerar, usar e descartar todos os materiais envolvidos nos produtos fabricados pela empresa”.

Claro é que não bastam propagandas para retirar os arranhões deixados pelos escândalos ainda presentes. É preciso na prática demonstrar que a empresa errou, mas que agora se empenha realmente no respeito a dignidade humana e ao meio ambiente. Todos os tênis Nike têm o impacto ambiental calculado desde a primeira ideia dos designers. De fato, hoje já existe uma grande preocupação com o destino dos calçados no fim de sua vida útil. A empresa também vem reduzindo o desperdício de materiais e está aumentando o uso de matérias-primas mais verdes na fabricação dos produtos.
Mesmo reconhecendo o grande empenho da marca, não podemos jamais, nenhuma empresa e muito menos nós, cidadãos, perder de vista uma das situações mais problemáticas que se tem vindo a deparar ao longo dos anos na nossa sociedade que é sem dúvida a prática do trabalho infantil, que não é uma atividade explorada somente pela Nike, mas por muitas empresas em diversos setores. Já foram propostas soluções por diversas organizações que lutam pela erradicação do trabalho infantil, como por exemplo, a denúncia de todas as formas e situações de exploração de crianças; a promoção de ações de sensibilização e formação; a celebração do dia Mundial contra o trabalho infantil em 12 de junho e outras. No entanto, a exploração de crianças e a exploração do trabalho escravo ainda é uma constante. Mas também deve ser uma constante a luta em defender uma sociedade mais justa, onde todas as crianças, mulheres e homens tenham seus direitos respeitados.


Sites consultados:
http://www.smh.com.au/world/soccer-ball-makers-in-poverty-20100610-y0ls.html
http://www.nike.com/nikeos/p/gamechangers/pt_BR/cd_environment
http://www.nikebetterworld.com/
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/maior-empresa-artigos-esportivos-mundo-escandalo-trabalho-infantil-nike-567299.shtml
http://rogeliocasado.blogspot.com/2010/06/nike-e-adidas-continuam-promovendo.html

http://www.tedio.org/nike-com-site-nike-brasil-loja-online
http://2.bp.blogspot.com/gN6JlUk4m5I/TcvqgX8rQMI/AAAAAAAAAA4/BnAJTEiQ9B0/s1600/trabalho+infantil+9.jpg
http://trabalho-infantil-8a.blogspot.com/
http://www.portugaltextil.com/Portals/0/XMOD/Noticias/2008/03/Nike19Marco08.jpg