domingo, 30 de outubro de 2011

A passarela das luzes cintilantes e o backstage de lixo

Em agosto deste ano o programa “A liga” da rede Bandeirantes , apresentou uma matéria sobre trabalho escravo. Até então um programa investigativo com um tema comum e que muitos fazem matérias parecidas, até por conta do cunho social que o tema abrange, porém o que fez esse programa se tornar uma “bomba relógio” principalmente sobre marcas de alto luxo foi uma denuncia de trabalho escravo na linha de produção da marca Zara, grande rede de lojas de roupas de luxo.

Nesta reportagem sobre trabalho escravo, uma acusação sobre a Zara ter empregados bolivianos morando em condições terríveis e trabalhando mais de 10 horas por dia por dois a oito reais por peça fabricada, que é dividido pela quantidade de pessoas que a produzem, fez cair um tsunami diante da imagem da marca. Após a reportagem o que foi mais evidente e o momento exato da queda da mascara, foi quando os espectadores do programa em menos de meia hora já estavam bombardeando a página da Zara no Facebook, com comentários sobre o trabalho escravo e no Twitter a hashtag #Zara estava entre os trand topics do mundo. Mostrando não só para o Brasil mais para o mundo as condições de trabalho dos empregados da empresa.

Após a bomba ter explodido em todos os meios de comunicação e ter sido assunto durante todos esses meses, percebemos que a marca falhou na gestão da crise de imagem. Observando o acontecimento, perguntamos até que ponto a imagem de uma marca tão forte como a Zara, consegue sustentar uma crise como essa?

Será que realmente chegou a hora de mais uma grande marca decair? Eu acho que não, várias outras marcas já passaram por isso, sabemos que outras empresas tiveram já suas reportagens sobre trabalho escravo e condições desumanas, como a própria Apple. E a pergunta é: O que se faz para a marca se reerguer?

Coube a Zara apresentar-se a todos para informar como aquilo poderia estar acontecendo, de acordo com a empresa, eles não sabiam das condições de trabalho daquela linha de produção, o que é bastante estranho, mas foi a única das explicações que deram. Muitos acham que tapar o sol com a peneira não é a solução, o que deveria ser feito, era um trabalho de esclarecimento, tomada de providências e resgate da imagem.

Uma das coisas que podemos dizer é que não dá pra tapar este incidente ou responder para os internautas pronunciamentos clichês como: “Estamos verificando a melhor forma para isso nunca acontecer novamente”. Porém, quando pensamos: Será que realmente as pessoas irão se importar com a origem das belíssimas roupas da Zara? Acredito que isso não aconteceu, um exemplo claro disso é que em termos de vendas, elas caíram durante duas ou três semanas, mas já voltaram ao seu faturamento.