domingo, 23 de outubro de 2011

Inovação: a engrenagem de uma nova era

Todo mundo já sabe que o Yahoo! está em crise. Desde 2007, o mundo dos negócios tem assistido à derrocada solitária de uma instituição que, durante a década de 90, reinava praticamente sozinha e sem concorrência. Ou, pelo menos, sem concorrência à altura.

Inquestionável, porém, o empreendedorismo da atual líder do mercado de buscas online (e não só), a Google. Devido ao tino da concorrente para a inovação, em 2009, a própria Yahoo! deu a batalha por perdida, a ponto de anunciar que já não tinha interesse em ferramenta de buscas. Para piorar a situação, veio, inclusive, a fazer uso do Google Adsense, em meados de 2008, apenas para provocar a ira da Microsoft, então interessada em adquirir a empresa já em franca decadência, e pleitear a valorização de suas ações. Algo semelhante ao que aconteceu, durante a Segunda Guerra Mundial, entre Brasil, Estados Unidos e Alemanha, quando o país tupiniquim flertara com um e com outro, visando à aquisição de tecnologia, em troca da construção de uma base militar estratégica em Fernando de Noronha e de apoio, durante a guerra.

Contudo, não se sabe até que ponto o Yahoo! admite a possibilidade de ser adquirido, tendo em vista que parece orgulhoso o suficiente para não deixar-se vencer.

Deixemos as especulações de lado e passemos para o que há de certo, até o momento: a super desvalorização da instituição. Se, em 2007, recebeu o pomposo lance de aproximadamente US$ 44,6 bilhões, hoje, estima-se que suas ações estejam mais de 50% desvalorizadas em relação ao que valiam, naquele ano, de modo que, somadas, não atingiriam a casa dos US$ 20 bilhões. Além disso, apenas durante o primeiro semestre de 2011, teve sua receita global reduzida em 23,6%, para US$ 2,44 bilhões, e o lucro líquido diminuído em 12,3%. Resultados, aliás, nada promissores.

Para uns, a falta de foco seria um dos fatídicos erros cometidos pela empresa (arriscam-se em perguntar se o Yahoo! é um portal de notícias, um buscador ou um serviço de e-mail). Para outros, a burocracia, típica em grandes instituições, seria a vilã, já que ideias realmente inovadoras ou tardariam ou nunca seriam postas em prática. Não que o Google seja uma empresa pequena, porém, foi assim que ela começou e foi a partir disso que pôde impor-se como a marca criativa que é. Agora, por quanto tempo se manterá assim, livre da burocracia, é algo a se perguntar.

E como se a situação não pudesse piorar, no mês passado, a então CEO da instituição, Carol Bartz, foi demitida, a segunda pessoa, desde 2006, a amargar a pública exposição de seu insucesso frente à administração da empresa.

O Brasil, ao contrário do que foi relatado por aqui , é um dos únicos lugares do planeta ainda receptivos aos negócios do Yahoo!. Enquanto a instituição estado-unidense amarga diversas derrotas dentro da própria casa, em solo brasileiro, ao contrário, não apenas se mantém forte como se mantém renovada, com audiência 35% superior, durante os 12 últimos meses. Ainda que não divulgue o crescimento de sua receita publicitária, afirma que teve um incremento superior ao da média do mercado, equivalente a 16%. A receita do sucesso no país, que responde por mais de 50% dos rendimentos oriundos da América Latina, seria o desenvolvimento de conteúdos voltados para o gosto dos brasileiros.

Apesar da contribuição nacional aos negócios do Yahoo!, a empresa figura na 76ª posição entre as 100 marcas mais valiosas do mundo, em ranking realizado, em 2011, pela consultoria de marcas Interbrand, tendo caído 11 posições, em relação à pesquisa do ano passado, e 21, em relação à de 2006, anterior, portanto, à crise econômica mundial de 2008. A Google, diferentemente, em relação ao ranking de cinco anos atrás, subiu 16 posições, assumindo, em 2011, a quarta colocação.

Pessoalmente, acredito que o sucesso do Google elucida, por oposição, o segredo que levou o Yahoo! à perda de espaço e de credibilidade. Inovação é, sim, um dos elementos-chave para a bem-sucedida carreira do Google, elemento, aliás, que faltou, talvez por burocracia, ao Yahoo!. Porém, não só de inovação vive uma instituição. O Google, melhor do que o Yahoo!, aperfeiçoou os seus negócios, movendo-se, antes, pelo gosto (e pela necessidade) de seus usuários, propondo, acima de tudo, soluções. A empresa Google parece ter entendido, pelo menos, até o momento, o homem contemporâneo. Não à toa e não pelos problemas da concorrência, retém os usuários de seus aplicativos.