terça-feira, 28 de junho de 2011

Você é o que você fala

Como trazer para dentro de um museu algo tão impalpável como o idioma de um povo? E de que maneira tornar objeto de um museu esse patrimônio que é a língua, um organismo vivo, em constante evolução com os seus falantes. A partir de questões como estas, notamos a diferenciação do projeto do Museu da Língua Portuguesa.

Trata-se de uma maneira autêntica de apresentar o Brasil e sua cultura. O espaço de exposições permanentes não só favorece a compreensão do nosso idioma por parte de estrangeiros que visitam o local, como também o aproxima do falante nativo. Instalações como o “Mapa dos Falares”, em que é possível observar os diversos sotaques nacionais é um exemplo disto.

Outro aspecto observado é a coerência que esta iniciativa demonstra com o propósito de apresentar ao público a identidade nacional, porque a história de um povo também passa pela história de sua língua. Não é possível falar da cultura brasileira e ignorar o nosso idioma, que apesar das influências portuguesas, foi se fundando de maneira única por cada região brasileira. E vale lembrar que até hoje, muitos turistas imaginam que o nosso idioma é o espanhol.

Usar a língua como ponto de partida para tratar da nossa identidade como brasileiros foi muito inteligente por parte dos idealizadores do Museu. Nosso idioma é muito rico, possui um valor único que nos destaca perante todos os falantes de várias línguas, inclusive das diferentes línguas portuguesas (como em Portugal, Angola, Timor-Leste, entre outros). Com o Museu da Língua Portuguesa saímos na frente de outros países, demarcando quem somos, a partir da diferenciação, da maneira singular com que falamos e escrevemos.

Rachel Sciré