quinta-feira, 17 de março de 2011

Unidos hoje, Unidos sempre


Como conhecemos a Coca-Cola? Como ela atravessou fronteiras e veio parar na mesa dos latino americanos? Isso deu muito trabalho para muita gente há 70 anos mais ou menos, mas o refrigerante mais conhecido do mundo chegou e se instalou para não sair mais...
Devido ao grande empenho dos Estados Unidos em estreitarem os laços de amizade com os países latino-americanos durante a 2a Guerra Mundial, a partir de 1941, o Brasil sofreu grande influência do chamado american way of life, isto é, nosso país se deparou com a arte, estilo de vida, comportamento e ideologia da sociedade americana.
Nesta época, após a instauração do partido nazista, a Alemanha estava muito presente no cotidiano econômico e político-ideológico da América Latina. No âmbito econômico, ocorreu o “comércio de compensação”, que compreendia na troca de mercadorias sem a utilização de moedas como o Dólar e a Libra, facilitando assim, a importação e exportação de produtos entre tais regiões. Já no âmbito político-ideológico, os alemães fizeram uso do departamento de comunicação e de agências oficiais e informais destes países, inclusive as do Brasil, a fim de difundirem a cultura alemã.
A América Latina, como um todo, estava sendo muito visada pelos EUA e pelo governo nazista, tanto por fornecer matéria-prima essencial às indústrias alemãs, quanto por possuir produtos importantes e também estratégicos. Consequentemente, esse fato começou a preocupar o governo Roosevelt, por isso em 16 de agosto de 1940, criou um Birô, cujo nome oficial era Office of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA), liderado por Nelson Rockefeller.
O principal objetivo desse projeto era coordenar as relações entre os Estados Unidos e a América Latina, ou seja, possiblitar a cooperação interamericana e a solidariedade hemisférica.

A expansão do programa ocorreu por meio de três grande divisões, o setor de saúde, alimentação e, o mais importante, informação, já que queriam inflenciar a população no sentido cultural-ideológico.
O principal instrumento de difusão do setor de informação foi a imprensa, que se comportava de acordo com os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, além disso, o Birô procurou se associar com a United Press e Associated Press para assim divulgarem boas notícias dos Estados Unidos e vice e versa, isto é, boas notícias da América Latina na Terra do Tio Sam, assim afastariam também informações sobre a Alemanha e Itália.
Além de tais notícias, os jornais começaram a exibir, também, propagandas de produtos americanos, como as da Coca-Cola, a fim de manter um mercado consumidor, mesmo após a guerra.
Sob o comando de Getúlio Vargas o Brasil também aproveitou a oportunidade para divulgar nossos produtos naquele país.
Nesse contexto, Disney foi estimulado a criar novos personagens com alusões latino-americanas, entre eles, o papagaio Zé Carioca, que representava o estereótipo do brasileiro; bem como, Carmem Miranda deixou o Brasil para viver nos EUA. Dessa forma, inicia-se o processo de infiltração de um famoso produto norte americano que substituiu nossos sucos de frutas tropicais e que até hoje faz parte da rotina brasileira, a Coca-Cola.
Veja o exemplo acima à esquerda:
1944- Beba Coca-Cola bem gelada
““Coca-Cola” bem gelada possui o dom especial de tornar qualquer reunião mais amigável.
Quando se está entre amigos, é um costume agradável o da... pausa que refresca, com “Coca-Cola” bem gelada. QUALIDADE DIGNA DE CONFIANÇA UNIDOS HOJE – UNIDOS SEMPRE.[com o mapa das Américas ao lado]”
O destaque é para chamar a atenção para algumas das mensagens por traz da propaganda...
Repare também nas roupas das moças. Alguma semelhança com a bandeira americana??
O mais curioso é terem utilizado a palavra "costume agradável" em muitos cartazes. Costume de quem? Dos americanos, é claro... não é interessante como eles impunham sua cultura? Hoje, já não precisam mais de tanto esforço, a cultura americana e suas marcas já fazem parte do nosso cotidiano.