Obstinado passou meses lendo todas as noites, na Biblioteca Pública de Nova York, tudo o que podia encontrar sobre processos de reprodução de imagens. Toda sua energia criadora se fixaria num capítulo que freqüentava somente as páginas teóricas dos manuais: a fotocondutividade. Na manhã do dia 22 de outubro de 1938, numa saleta do segundo andar de um edifício do bairro de Astoria, onde instalara seu improvisado laboratório, ele criou o processo que mais tarde se tornaria célebre em todo o mundo, sob a marca XEROX.
Em 1942, já se podia colher sinais de que o jovem inventor não blefava. No dia 6 de outubro daquele ano conseguiu a patente para seu invento, que recebeu o número 2297691. Passados dois anos, Carlson finalmente convenceu os diretores de uma organização de pesquisa sem fins lucrativos a selar com ele um contrato que lhe dava recursos para comercializar o invento. A duras penas, conseguiu US$ 15 mil e com eles manteve sua parte no bolo que então começava a crescer. Em 1947, sua sorte começaria a mudar. O Batelle Memorial Institute celebrou um acordo com uma pequena empresa chamada Haloid, fundada em 1906 na cidade de Rochester em Nova York, que se dedicava a fabricar papel fotográfico e equipamentos. A Haloid conquistou o direito de desenvolver o que seriam as máquinas xerográficas. Seu estilo de vida e de trabalho e seus exemplos marcariam a pequena Haloid em sua trajetória rumo à XEROX. O próprio nome Xerox nasceria na era Haloid. O instituto e seus novos sócios concordaram que a palavra “eletrofotografia” tinha pouco apelo mercadológico e decidiram alterá-lo.
Por sugestão de um professor de línguas clássicas da universidade de Ohio, mudou-se a denominação do invento de Carlson para xerografia, do grego xerox = seco e grafia = escrita. Tinha-se um nome, mas não um produto.
A Haloid inventou a palavra xerox para as novas copiadoras e, em 1948, ela se tornou marca registrada. No final da década de 40, John H. Dessauer, chefe de pesquisas, Chester Carlson e Joseph C. Wilson, presidente da empresa, fizeram uma exibição pública da Xeroxprinter. Tratava-se de um tosco aparelho xerográfico capaz de imprimir papel disposto em rolos dentro da máquina. O aparelho ganhou enorme publicidade, porém jamais foi comercializado. A primeira das máquinas xerográficas a ganhar as prateleiras veio à luz somente em 1949 quando foram introduzidas as primeiras copiadoras, que eram complicadas, lentas e muito grandes. O Modelo Xerox A foi rejeitado por ser muito complicado. Inspirada pelo modesto sucesso inicial de suas copiadoras, a empresa mudou seu nome em 1958 para Haloid Xerox Inc. Nesta época, estava em gestação, nos laboratórios da empresa, o protótipo do que seria um dos produtos mais bem sucedidos da moderna era industrial: a XEROX 914, que o mundo veio a conhecer no outono de 1959 e permitiu a distribuição de informação em massa no mundo. A designação 914, vinha do fato dela ser capaz de fazer cópias originais de até 9 por 14 polegadas (tamanho ofício). Tão interessante quanto o lançamento foi a estratégia de leasing adotada pela XEROX para seu novo produto, algo então inédito na indústria. O contrato de leasing valia algo em torno de US$ 95 por mês. Foi um estrondoso sucesso e impulsionou os balanços da empresa para a órbita somente ocupada pelas grandes corporações dos Estados Unidos, vendendo em menos de duas décadas mais de 200.000 unidades.
A empresa tornou-se XEROX CORPORATION oficialmente em 18 de abril de 1961 após ampla aceitação da XEROX 914, a primeira copiadora automática para escritório que utilizava papel comum. No ano seguinte, a copiadora 813 seria lançada e imediatamente transformada num sucesso de vendas. O mesmo se daria com o modelo 2400, batizado assim em razão do número de cópias que podia reproduzir em uma hora. Em todas elas, o espírito de Chester Carlson esteve presente.
O novo século foi marcado pela crise e a ressurreição da empresa. Em todo o mundo a XEROX amargou, desde 2001, uma forte queda em suas vendas, associada a uma enorme crise de liquidez, causada pela necessidade de pagar nos Estados Unidos uma multa de US$ 10 milhões por erros contábeis, a maior da história por violação aos informes financeiros. Isso forçou a mudança de foco. O slogan da empresa passou a ser The Document Company. O aluguel de máquinas copiadoras passou ao segundo plano. A XEROX passou a se dedicar à venda de equipamentos (sobretudo de grande porte) e à prestação de serviços em larga escala. E assim a situação de crise começou a ser revertida. A XEROX que saiu da crise está mais sólida, mas ainda luta para não ser uma cópia pálida de si mesma. Em 2009, a empresa adquiriu a Affiliated Computer Services (ACS) por US$ 6.4 bilhões, operação que colocou a XEROX como líder mundial, além de permitir uma ampliação dos mercados.