A empresa foi inaugurada em 1969, em São Francisco, Estados Unidos, vendendo roupas de diversas marcas, especialmente as da marca Levi’s, que já era tradicional naquela época. O nome ‘the gap’, inicialmente escrita com letras minúsculas, foi criado com base nas crescentes diferenças entre crianças e adultos, a chamada ‘geração gap’ – o público alvo da empresa era de 12 a 25 anos. Três anos depois, na Califórnia, passou a vender uma coleção com marca própria e se tornou uma das primeiras varejistas a utilizar o nome da loja como marca. Foi nesta época que ela conquistou seus clientes, com roupas casuais e versáteis para o dia-a-dia. Em 1976, abriu seu capital na bolsa de valores e ganhou o dinheiro que precisava para crescer por todo o mundo. Em 1983, adquiriu a empresa Banana Republic e em 1994, lançou a marca Old Navy, com coleções mais simples, modernas e baratas, cujo faturamento, depois de apenas quatro anos, chegava a US$ 1 bilhão.
No auge do seu sucesso, nos anos 90, muitas estrelas de Hollywood vestiam roupas da GAP em eventos sociais e a marca ganhou o mundo. Mas ao que tudo indica, na década seguinte, o modelo de negócios da GAP entrou em declínio e ela começou a assistir o crescimento das outras marcas concorrentes do varejo de roupas, por não prestar a devida atenção na tendência da moda que estava surgindo. Em menos de 10 anos, o valor de mercado da rede se desvalorizou em 35 bilhões de dólares (em 2000 era de 45 bilhões de dólares).
Desde 2004, a GAP vê suas vendas diminuírem ano após ano. Em uma tentativa de melhorar o desempenho da marca, em 2007, a empresa contratou Patrick Robinson, estilista renomado do mundo da moda, que já havia trabalhado para Paco Rabane, Giorgio Armani, entre outros, e que tinha a difícil missão de fazer com que a marca se reencontrasse. Em vão... Em sua primeira coleção, o estilista deixou os consumidores que estavam acostumados a peças mais básicas, confusos ao trazer peças diferentes, como a calça cargo skinny, combinando com blusas folgadas em tons que brigavam entre si. Não caiu no gosto e o estilista foi demitido este ano. Em outra tentativa de reerguer a marca, no ano passado, a empresa remodelou seu logotipo, mas sofreu duras críticas por parte de sites de moda, marqueteiros e consumidores através das redes sociais. Alguns dias depois, a repercussão negativa fez com que a empresa voltasse com seu logotipo tradicional.
Apesar do momento difícil pelo qual a empresa vem passando, segundo a consultoria britânica Interbrand, em 2010, somente a marca GAP estava avaliada em US$ 3.961 bilhões, ocupando a posição de número 84 no ranking das marcas mais valiosas do mundo. Em 2007, quando a crise já estava acentuada e a empresa buscava soluções, ela ocupava o 61º lugar neste mesmo ranking.
A crise da GAP é muito maior. Não dá apenas para culpar os elementos visuais de sua coleção. É muito mais que o merchandising... Vai além do design das peças... É necessária uma transformação em toda sua estrutura... Em toda sua imagem... Em toda sua estratégia. Alguns críticos dizem que a empresa se esqueceu da marca que dá nome à empresa e focou apenas em seus novos negócios. É preciso resgatar esses valores e trazer o conceito, versátil e casual do início de sua criação, que encantou seu consumidor com peças básicas, porém, modernas e ao mesmo tempo confortáveis.